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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

14. Say When - Scars.

"E eu vou sempre estar ouvindo o seu riso e suas lágrimas
E assim que eu puder te abraçar mais uma vez
Eu não vou desistir de você, eu juro"
- James Bay.









Assim que a minha aula de Física II acabou encontrei Joe no corredor esperando por mim.

– Eai, resolveu seu problema no banheiro? – eu disse zoando com ele
– Há. Há. Há – ele forçou uma risada –. Muito engraçadinha você! – ele revirou os olhos – Enfim, sim. Eu resolvi o MEU problema no banheiro!
– Você é muito nojento, Joe! – disse rindo – Não acredito nisso...
– Se você fosse homem queria só ver como você ia resolver a sua excitação quando visse a Beyoncé! – ele tinha que falar na minha deusa grega.
– Por que você falou logo da Bey?! Deixe-a fora disso. – disse séria.
– Porque você acha ela gostosa. Ou estou mentindo?! – me encarou – Olha, a prostituta da faculdade vem ai... – ele disse batendo no meu braço se referindo à . E eu revirei os olhos quando ela passou por nós, e ela descaradamente piscou o olho pro Joe e sorriu maliciosa. – Você viu só aquilo? Ela piscou o olho pra mim! – disse animado.
– Você não quer um babador? Minutos atrás você chamou ela de prostituta, e agora está "caidinho" por ela? – gesticulei as aspas com os dedos encarando ele – E não, você não estava mentindo quando disse que acho a Beyonce gostosa.
– Tá. Tudo bem que a pode ter fama de vagabunda, puta... Mas ela é gostosa! – levantou os ombros.
– Beyonce é gostosa e nem por isso tem fama de puta, vagabunda e tal... Ah, e não tem fotos dela pelada no celular dos outros. – disse erguendo as sobrancelhas.
– Tá circulando fotos da pelada? – ele disse surpreso e elevou um pouco a voz.
– Fala baixo. – eu disse olhando para os lados pra ver se alguém tinha escutado – Você não sabia?
– Não, você tem essas fotos? – ele disse, animado.
– VOCE ACHA MESMO QUE EU VOU TER FOTOS DAQUELA IDIOTA PELADA NO MEU CELULAR, JOSEPH WEST?
– Dá pra parar de me chamar assim? – disse irritado – Dá a impressão de que você está com raiva de mim.
– Vamos ao DOC's, estou morrendo de fome! Não quero saber dessa garota... – disse impaciente.
– Tá com ciúmes? – ele ergueu a sobrancelha sorrindo
– Nossa... - revirei os olhos - Morrendo de ciumes, Joe. Qual é? Eu não estou com ciúmes dela. Pelo amor de Deus!!! – puxei-o para fora da Universidade.

Saímos da Universidade em direção ao DOC's. Por mais que fosse próximo a faculdade, fomos de carro. Enquanto observava Joe trocar a estação do rádio pelo canto dos olhos, ao mesmo tempo eu a vi, brilhando no horizonte. Mais bela do que as noites passadas.
A Lua.
O céu estava limpo. No meio de toda aquela escuridão havia uma luz. “No meio de toda aquela escuridão HÁ uma luz” eu disse pra mim mesma. Sem nenhuma nuvem, mesmo estando sozinha ela nunca deixava de brilhar. Ela conseguia ser independente. “Sempre repare nas coisas simples da vida”, eu conseguia ouvir a voz do meu pai ecoando na minha cabeça.
A vida tem seus momentos caóticos, na qual eu estava vivendo no momento. Mas algo dentro de mim fez com que eu ignorasse essa reviravolta interna e observasse uma coisa simples, porém magnífica. Algo fez com que eu a olhasse e capturasse aquela raridade, guardando-a em minha memória. E isso me trouxe uma paz interior inexplicável.
Era noite de Lua cheia. E sua cor estava fora do normal. Um alaranjado para vermelho, mesmo assim continuava brilhando intensamente. E involuntariamente eu sorri.

– Está tudo bem, ? – Joe perguntou curioso.
– Encosta o carro! – disse tranquila.
– O que? – disse nervoso – Você está bem? – ele ainda não havia nem se quer reduzido a velocidade.
– Encoste o carro. – falei tirando o sinto de segurança e direcionando a mão à porta do veículo.
– Tudo bem, calma! – ele diminuiu a velocidade e encostou o carro no meio fio e abri a porta do automóvel.

Não havia casas ao redor, não havia energia elétrica. Nesse momento a Lua estava entre montanhas. Fiquei alguns minutos admirando-a. Sem nenhum propósito. Sem nenhuma pressa. Quantas pessoas reparam realmente no pôr do sol? Nas maravilhosas cores que o céu forma quando o sol está prestes a ir embora avisando que a escuridão está chegando... Quem repara no voar de uma borboleta indo de uma flor a outra em um dia ensolarado? Na magnitude de suas asas diversificadas de acordo com a espécie... Quem realmente fecha os olhos ao ouvir aquela música, cujo a letra diz o que você está sentindo, ou está tentando sentir o que o compositor sentiu ao escrever aquela música, que a faz ser a sua favorita? “Sempre repare nas coisas simples da vida”. Repare. Sinta.
Joe se aproximou de mim calmamente e me abraçou pelos ombros, fazendo com que eu o abraçasse pela cintura. Nos olhamos e sorrimos.

– Está tudo bem? – ele perguntou olhando pra mim e eu voltei a observar a Lua no horizonte.
– Sim. – disse sorrindo e encostei a cabeça em seu peito.
– É lindo não é? – ele também sorria, o observei rapidamente.
– Sim... – ele me abraçou por completo, ambos olhando pra Lua.
– Foi por isso que você pediu pra parar o carro? – mexeu calmamente em alguns fios do meu cabelo que estavam soltos.
– Ela merece toda atenção esta noite... – fechei os olhos brevemente, sentindo uma calmaria dentro de mim.
– Com certeza! – Joe encostou seu queixo em minha cabeça – Você parece mais tranquila!
– É porque estou... – dei uma leve risada.
– E eu posso saber o motivo? – ele soltou de seus braços fazendo com que eu o olhasse.
– Sinto que... alguma coisa boa vai acontecer. – dei de ombros.
– Isso é bom. – Joe me abraçou de volta e voltamos a observar a Lua. – Você sabe que temos que ir trabalhar não é? – ele me trouxe de volta ao mundo caótico.
– Sim, eu sei Joe. – sorri – Só mais uns minutos? – olhei esperançosa.
– Ok. Só mais 10 minutos. – ele me abraçou mais forte.

[...]

– O que vão querer? – disse o garçom assim que nos sentamos a mesa da lanchonete.
– Eu vou querer um x-hambúrguer sem cebola e uma Pepsi, por favor... – espiei o nome que estava no crachá do rapaz que estava ao meu lado – Jason.
– E você? – Jason olhou pra Joe.
– Uma fatia da torta de chocolate, por favor. – respondeu rapidamente.
– Tudo bem, já trago o pedido de vocês! – ele sorriu gentilmente e foi embora.
– Então... As ligações ainda estão acontecendo? Digo, ainda estão te ligando com número privado? – Joe disse olhando o cardápio, apenas para fazer o tempo passar.
– Não, as ligações pararam. – disse despreocupada.
– Você não acha que foi ele?
– Ele quem? – disse com receio da resposta.
– Liam, ... – meu amigo revirou os olhos.
– Não sei, eu realmente não sei! – tombei a cabeça pro lado – Pode ter sido qualquer um. Mas o que realmente entrega a pessoa é o fato de ter chorado quando estava comigo ao telefone.
– Ele não deixou nenhuma mensagem de voz, texto... Mensagem no Twitter. Nada? – Joe perguntou incrédulo.
– Minha secretária eletrônica está cheia, tenho que ouvir as mensagens hoje. Caso não, elas irão se apagar automaticamente. Creio que deve haver mensagens dele ou dos meninos, já que não falei mais com eles. – Jason trouxe nossos pedidos e começamos a comer antes de ir trabalhar. – Você não vai beber nada?!
– Vou sim. – ele disse sorrindo – Vou beber com você. Vamos dividir... – ele disse pegando um canudo.
– Você está muito ousado!
– Eu preciso te contar uma coisa... – disse parando de comer por um momento, ele já estava na metade da torta.
– O que foi?! Aconteceu alguma coisa? – falei já preocupada.
– Eu... – ele respirou fundo – Estou saindo com uma pessoa! – ele disse cobrindo o rosto com vergonha.
– AI MEU DEUS. SÉRIO? – falei surpresa e alto demais – Por que você não me disse antes?! – bati no braço dele.
– Não é nada sério por enquanto, mas eu estou gostando dela... – ele sorriu.
– Eu realmente fico feliz por você Joe, sério. Desejo toda felicidade e que dê certo... – estendi a mão sobre a mesa em direção a dele, e assim que a encontrei, segurei forte demonstrando companheirismo e sorri – Não acredito que você vai me trocar... – disse brincando.
– Não vou te trocar, ... Você sempre terá uma entrada VIP no meu coração! Eu te amo, e você sabe disso. – apertou levemente minha mão e sorriu.
– Você vai me fazer chorar... Ai meu Deus! – passei alguns dedos sob meus olhos assegurando que nenhuma lágrima estava prestes a cair.
– Mas, caso você e o Liam voltarem a se falar... Ele não vai ter mais motivos pra ter ciúmes de mim! – ele disse soltando minha mão e voltou a comer.
– Onde vocês se conheceram? – mudei de assunto – Você deveria ter me contado desde o começo. – disse indignada.
– Eu sei, eu sei. Só que você estava naquela fase tão depressiva... E eu só pensava em cuidar de você. Fazer você esquecer um pouco desse seu desentendimento com o Liam. Me desculpe, eu deveria ter contado.
– Tudo bem... – levantei os ombros.
– Nos conhecemos numa festa de amigos em comum. Ela estava com aquela cara de quem não estava se divertindo. – ele sorriu – Então a chamei pra jantar, peguei o número dela e estamos saindo... Nos conhecendo melhor.
– Eu ainda não estou acreditando... – suspirei.
– O que? Você realmente pensou que eu fosse gay, ? – Joe sorriu balançando a cabeça.
– NÃO – gritei –. Eu só dizia aquilo pra te irritar... Sei que você não é gay. Meu Deus, antes o Liam, agora você! – disse desanimada.
... – ele disse sorrindo, levantou-se de sua cadeira e me abraçou pelos ombros já que eu estava sentada – Você sempre vai ser especial pra mim, não importa o que aconteça. Sou realmente grato por ter você em minha vida e ser seu amigo. Sou grato por tudo o que você tem feito por mim. – o abracei de volta prestes a chorar – Ei, não quero que você chore! – esfregou as suas mãos nas minhas costas com força, e me abraçou mais forte.
– Eu... Só não quero ficar sozinha. – disse já chorando – Só isso.
– Ninguém quer ficar sozinho, pequena... – Joseph disse, calmo e sua voz saiu quase um sussurro – Olhe pra mim! – ele limpou as lágrimas que caíam e sorriu pra mim – Eu amo você – beijou minha testa –. Com namorada ou sem namorada, eu amo você! – eu sorri de volta.
– Deus, vocês já estão namorando? – disse rindo.
– Não. – ele sorriu – Bem, ainda não.
– Eu também te amo, Joe – o abracei, fortemente e relaxei.
– Você precisa conversar com o Liam, precisa resolver as coisas entre vocês.
– Eu sei disso... – disse desanimada
– Você gosta dele?
– Hm... – espreitei os olhos – Não sei.
– Sabe o que mais admiro em você ? – ele sorriu.
– Não. Não sei!
– Você ama as pessoas, confia nelas sem esperar receber algo em troca – fiz uma careta, mesmo sabendo que ele estava certo –. Você sempre vê algo bom em cada um, por mais que elas pensem nos seus contra... Nos defeitos. Você apenas ama e confia. Eu admiro isso em você. – ele beijou minha testa novamente.
– Em algum momento eu te sobrecarreguei?
– Como assim? – ele espreitou os olhos.
– Tipo, sobre essas coisas que tem acontecido entre mim e o Liam... Ou qualquer outro assunto. Não sou muito de desabafar com as pessoas, elas tem seus próprios problemas.
– Muito pelo contrário. Fico preocupado quando você não conta o que está sentindo ou pelo o que está passando. Você não precisa passar por isso sozinha ... – Joe sussurrou.
– Eu sei, é que eu não gosto de ficar dependente de alguém. Eu sinto que posso lidar com meus problemas sozinha. Que posso superá-los. Mas quando penso que eles já fazem parte do meu passado, tem algo que me põe de volta a reviver aquilo, e a sofrer de novo. – eu finalmente pude olhar em seus solhos, e os vi com um olhar de tristeza.
– Odeio te ver assim ... Tão vulnerável, tão perdida. – agora foi a vez dele chorar – Me sinto um idiota por não saber o que fazer. – ele me abraçou o mais forte que pôde.
– Droga Joe, viu só porque não gosto de te contar as coisas... – me senti culpada.
– Por que você tem que bancar a durona, hein? – ele deu um sorriso fraco e enxugou as lágrimas.
– Porque essa é a única alternativa. Agora pare de chorar, quero ver você sorrir... – ele sorriu achando graça no meu comentário.
– O que seria de mim sem você? – as lágrimas voltaram a surgir em seus olhos, mas ele ainda sorria.
– O que foi que eu falei? Sem choro. Ande, trate de colocar um sorrisinho lindo nesse seu rosto. – disse mandona e ele gargalhou.
– Não seríamos nada se não tivéssemos um ao outro. – sorri e acariciei seu rosto.
Ele pegou o dinheiro para pagar a conta, sem se importar se havíamos comido tudo ou não.
– Temos que trabalhar pequena! Vamos.

[...]


– NARRADO POR LIAM –


A cada término das canções eu sentia meu coração se contrair ainda mais. Ficando mais nervoso e alegre. Porque eu iria fazer o que queria.
Vê-la.
Quando as músicas melancólicas tocavam, eu cantava com os olhos cheios de lágrimas. Pois eu sabia que ela adorava essas músicas... Over Again, Change my Mind... Little Things. Eu cantava cada palavra olhando para o céu perguntando se ela estaria fazendo o mesmo... Se ela estaria observando as estelas e a Lua, que estava cheia. Me questionava se ela estava sentindo o mesmo que eu ao observar a Lua, as estrelas pois era a única forma de me sentir mas próximo à ela. Não importava a distância em quilômetros, se estivéssemos olhando para o céu... estaríamos vendo as mesmas constelações e o meu astro.
Assim que o show acabou, fui correndo pro camarim pegar minha mochila que havia algumas roupas já que iria passar dois dias em Londres. E Paul estava me esperando para repassar os avisos.

– Que horas é o meu voo? Quero chegar lá o quanto antes... – eu estava nervoso e animado ao mesmo tempo.
– Calma Liam, são 9 horas da noite ainda. Você tem pouco mais de 1 hora e meia. Você tem que ir agora, o Mark vai levar você até ao aeroporto! Assim que você chegar no aeroporto de Londres me ligue. Não quero ir pra Guilhotina! – Paul também estava nervoso.
– Você tem lido muito sobre Revolução Francesa, não é? – disse rindo – Mas não se preocupe, vai dar tudo certo. – espero que sim, confiança Payne.
– Seu passaporte, passagem e documentos estão na mochila. Cuidado para não perde-los, você já sabe disso!
– Sim, Paul. Eu sei – revirei os olhos –. Onde estão os meninos? Eu tenho que ir embora. – já com mochila nos ombros caminho em direção a saída e avisto os meninos.
– Pensou que ia embora sem nos despedimos? – Zayn disse sorrindo e me deu um forte abraço.
– Não acredito que vocês vão começar a namorar... – Louis se manifestou pouco mais atrás.
– Não sei nem se ela vai me perdoar Louis... – suspirei.
– É claro que vai Liam, você tem que pensar positivo. , é uma garota de bom coração. Você sabe disso. – Harry disse confiante. Mark buzinou do carro com o intuito de me apressar.
– Tudo bem, eu tenho que ir! Me desejem sorte... – sorri e fui em direção ao carro.
– BOA SORTE!!! – eles gritaram e acenaram pra mim já se despedindo.
– Ok, Mark... Aeroporto o mais rápido possível! – disse já dentro do carro.
– Sim, Senhor Payne! – Mark disse pisando com força no acelerador. O aeroporto não era muito longe mas não sabíamos as condições da trajetória nesse momento. Se estava com trânsito ou parcialmente livre, sem perturbações.

Chegamos no aeroporto em 25 minutos. Peguei minha mochila que estava no banco de trás do carro, Mark me deu um abraço e desejou boa sorte! Não havia necessidade dele me acompanhar até a área do Check-in, eu poderia ser reconhecido... E isso não estava nos meus planos. Iria me atrasar mais ainda!

Estava vestindo uma jaqueta de couro preta, com uma blusa xadrez por baixo... Boné e óculos escuro também faziam parte do meu look. Mas estava de noite. A questão é que eu não queria ser reconhecido.

Já na fila do Check-in, com passaporte, identidade e passagens em mãos, eu batia os pés no chão demonstrando o quão impaciente eu estava. Quando chegou a minha vez entreguei o que me pediram e caminhei em direção ao portão de embarque com o comprovante que me autorizava fazer o que eu mais queria nesse momento. Ir para onde o meu coração, corpo, mente e alma queriam estar.

Procurei a numeração da poltrona que indicava o bilhete, e agradeci mentalmente a Deus por ser próxima à janela. Sentei-me e coloquei a mochila no colo, peguei meu celular e coloquei em Modo Avião, antes que a voz do comandante ou da aeromoça ecoasse pelo autofalante pedindo para que desligassem os aparelhos eletrônicos.

Assim que o avião decolou fui fechando os olhos lentamente, desejando que as horas passassem rápido e o cansaço veio junto fazendo com que eu dormisse durante o vôo.


- FLASHBACK ON -


“– Qual foi a sua maior decepção? – eu perguntei calmamente.
– Eu acho que sou o tipo de pessoa que impõe muitas expectativas na outra. Então quando eu vejo que não é correspondido, eu fico decepcionada. Ou quando a ela muda de uma hora pra outra. – ela respondeu sem olhar em meus olhos. é uma das garotas mais extrovertidas que eu conheço, mas com o passar do tempo ela teve que construir sua própria armadura, e no coração, fez a coisa mais cuidadosa que pôde, construiu uma barreira. E aqui estava eu, querendo destruí-la, a fim de conhece-la melhor.
– Por que está me perguntando isso? – ela finalmente me olhou.
– Sei que somos melhores amigos, mas... Às vezes tenho a impressão de que não te conheço. – eu disse triste – Nao sei, tem alguma coisa diferente em você. Eu tento descobrir o que você está sentindo mas é impossível. É como se... Existisse um escudo. Mas quando você olha pra mim é como se você conseguisse enxergar até a minha alma, ou até mais fundo. - ela me olhava atentamente - Você nunca me contou sobre seu pai. Sei que você é do Brasil, mas nunca me falou sobre onde você morava... ou dos seus antigos amigos.
– Ok. O que você quer saber do meu passado? – ela me olhou séria.
– Eu posso perguntar o que eu quiser? – falei entusiasmado e com medo de fazer alguma pergunta indelicada.
– O que você quiser! – disse despreocupada.
– Como é o seu pai? – disse animado.
– Qual dos?
– Você tem dois? – disse surpreso.
– O biológico e outro por consideração... Sobre qual deles você quer saber?
– Pode ser dos dois? – estava começando a ficar nervoso.
– Meu pai e minha mãe são separados desde os meus 2 anos de idade. Eu não convivi muito com ele já que morava com minha mãe, mas lembro que ele me ensinou a andar de bicicleta – ela fechou os olhos, e respirou fundo tentando buscar no fundo da memória o fato e depois abriu rapidamente –, lembro que ele comprou uma bicicleta roxa com uns adesivos de flores e ela tinha uma cestinha... Lembro dele me ensinando a cantar uma música cujo toda vez que a ouço lembro-me da minha mãe, eu tinha uns 5 ou 6 anos quando passei um final de semana com ele, madrasta e meu irmão por parte de pai. É a única lembrança que eu tenho dele. Eu não sei como é a voz dele. A personalidade. Ele nunca me ligou em datas comemorativas, como Natal, Ano Novo ou até meu aniversário. – ela deu de ombros, mas o pouco que eu a conhecia, ela queria que isso fosse diferente. Queria ter alguém pra chamar de pai.
– E o de consideração?
– Ah, ele me ajudou no momento mais difícil da minha vida. Ele sempre esteve do meu lado, mesmo indiretamente. Me aconselhava, me dava carão quando era necessário... Me fazia sorrir quando eu estava triste. – a voz dela começou a ficar entorpecida por causa do choro que estava prestes a vir – Eu sinto saudades dele.
– Como você o conheceu? Ele e sua mãe, tiveram um relacionamento?
– Não, ele era meu professor. Quando eu mudei de escola, eu o conheci e sem querer chamei-o de pai. Eu pensava que ele ia ficar furioso – ela sorriu –, ou com raiva. Mas ele me chamou de filha. Então ele dizia que eu era a filha dele, e eu dizia e digo que ele é o meu pai.
– Em que momento ele te ajudou? – eu comecei a mexer em seu cabelo, já que estávamos sentados um de frente pro outro no sofá.
– Em 2010 minha mãe fez uma pequena cirurgia na cabeça mas se agravou com o passar do tempo, pois ela pegou uma bactéria hospitalar e prejudicou os pulmões, resultando em pneumonia. Ela foi entubada porque não conseguia respirar por conta própria, só com o auxílio dos aparelhos. Começou a tomar medicamentos fortes, cujo afetou o rins dela, então ela começou a fazer hemodiálise por quase 2 anos. – ela falava lentamente, e percebi que essa era a pergunta delicada – Nesse tempo eu não fui visitá-la porque eu não sabia sobre o estado crítico dela, minha avó não me dizia nada. Só dizia que minha mãe estava bem e que logo iria vir pra casa. – seu olhar era triste, e eu estava fazendo ela sentir tudo o que sentiu naquele ano. E eu me senti péssimo por isso – Eu só soube disso quando minha tia da Suíça estava vindo pro Brasil e me contou. A partir daí comecei a chorar na escola, rezava o terço do que eu rezava todas as noites. Então meu pai tentava me acalmar o máximo que podia, e a minha melhor amiga também. Então, como uma fênix minha mãe ressurgiu das cinzas. Deus, aquele que é Grande e Poderoso em minha vida, deu a ela uma chance de recomeçar, de reviver. É a mulher mais guerreira que eu conheço.
– Eu sinto muito. – disse abraçando-a.
– Tudo bem, Liam. Já passou... – ela retribuiu o abraço.
– E foi nesse ano que você nos conheceu, certo?
– Sim – ela sorriu –, foi em Outubro.
– Podemos falar sobre garotos? – o assunto estava escapando entre meus dedos.
– O que você quiser Liam. – ela se remexeu no sofá em busca de uma posição confortável.
– Com quantos garotos você já ficou? – tive medo da resposta.
– Acho que uns oito... – ela disse insegura.
– Desses oito, algum foi relacionamento sério? – droga, eu não deveria ter perguntado sobre garotos.
– Não. – disse calma – Nunca namorei. – fiquei surpreso – O que foi? – ela sorriu.
– Como assim você nunca namorou? – perguntei incrédulo, mas no fundo estava feliz.
– Sim, nunca namorei. Na verdade eu não penso sobre essas coisas... É difícil me apaixonar por um garoto. – ela ficou pensativa de repente – Não, espere. Eu já fiquei com um garoto durante três meses, eu não diria que foi namoro, porque ele nunca me pediu... Nós “terminamos” quando eu descobri que ele ficou um umas garotas numa balada, Casa Noturna... sei lá como se chama. Eu gostava muito dele, então quando eu descobri, disse a mim mesma que nunca mais iria sofrer por um garoto. Até que você e os meninos apareceram na minha vida e acabaram com a minha promessa. – ela me encarou e fez uma careta e eu sorri.
– Então, nós acabamos com a sua vida?
– Sim e não – ela tombou a cabeça pro lado esquerdo e direito, pensando –, gosto de ter vocês na minha vida. – ela mexeu no meu cabelo e acariciou meu rosto.
– Eu também gosto de ter você na minha vida. Na verdade eu não seria nada sem você... – estava prestes a chorar, só pensando na possibilidade de perde-la por um momento.
– É claro, eu sou muito amável. – ela jogou o cabelo se exibindo, o que me fez rir e chorar.
– E convencida também. – eu ri mais ainda e enxuguei as lágrimas – Por que você diz que as pessoas mudam quando elas começam a namorar?
– Porque é a verdade. – sincera como sempre.
– Mas você tem algum argumento convincente? – ergui a sobrancelha mesmo sabendo que ela sempre vencia de mim quando se tratava de suas teorias.
– Quando você começa a namorar, você quer estar perto da pessoa que você gosta/ama. Ou seja, você deixa seus amigos um pouco de lado, para de sair com eles e passa a sair mais com a namorada. – ela estava certa.
– Tudo bem, Oprah! – ergui as mãos me rendendo. E a encarei, sentindo uma alegria imensa por realmente ter conhecido ela. E repentinamente senti uma tristeza e um medo enlouquecedor ao pensar que poderia perde-la num estalar de dedos.
– O que foi, Payne? – ela indagou calmamente mexendo no meu cabelo.
– Tenho medo de perder você... – baixei a cabeça e comecei a chorar baixinho.
“Existem certas pessoas para as quais você sempre volta, ela está bem na sua frente...” – ela sorriu, ela adorava essa música, e a banda também. The Fray. Ela sempre dizia a coisa certa. Ela sempre dizia o que eu estava precisando ouvir. – Vou sentir saudades quando você for embora... Turnês sempre atrapalham a gente, começando pelo fuso horário – ela revirou ou olhos.
– Nós vamos dar um jeito. Nós sempre damos... – encostei minha cabeça em seu ombro enquanto ela mexia no meu cabelo.
– Você é tão carente, Liam... – ela disse rindo, e eu tinha certeza que ela revirou os olhos.
– Eu gosto dos seus cafunés. – joguei as pernas sobre seu colo, quase sentando em cima dela.
– Você parece um bebê assim. – ela me abraçou.
– O que seria de mim sem você, e seus carinhos? – olhei pra ela rapidamente – Nada. Absolutamente nada... – falei dramaticamente, e suspirei fechando os olhos. E ela foi desaparecendo da minha mente como o vento espalhando a fumaça”.

- FLASHBACK OFF -


“Não...”. Eu comecei a me remexer na poltrona do avião. Ela tem que voltar. Tudo o que eu via era a escuridão. E eu estava lá, sozinho.
“Não, volte! Volte.” Eu balançava a cabeça.
“Eu quero você de volta. Volte pra mim, volte para a minha vida... Por favor”. Alguém me chamava.
“Apenas volte, é só isso o que eu quero”.


– Senhor... – alguém me balançava.
– NÃO! – eu por fim acordei.
– O senhor está bem? Precisa de alguma coisa? Está passando mal? Está suando... – a aeromoça estava preocupada.
– Não – respirei fundo tentando me acalmar –, eu estou bem... Foi um sonho. Só um sonho. – eu olhei pela janela querendo já estar em Londres. – Quanto tempo ainda resta de viagem?
– Apenas uma hora e meia. – ela disse calma.
– Apenas? Uma hora e meia, e você só diz apenas? – bufei com raiva.
– O senhor dormiu quase todo o percurso da viagem, uma hora e meia é o de menos agora, senhor... – ela sorriu e foi embora.
Droga. Peguei meu celular, preciso de músicas que me acalmem... John Mayer, álbum... Continuum. Fechei os olhos e voltei a dormir. E junto com a melodia vinham as lembranças.


- FLASHBACK ON -


“– Não tem cabimento, Liam – ela disse sorrindo, enquanto eu afastava os móveis da sala.
– Por que não? Vai ser legal... – eu disse já de pé com a mão estendida em sua direção, esperando ela aceitar meu convite ouvindo a canção tocar.
– Tudo bem – ela revirou os olhos –, mas é só essa música! – ela pegou minha mão e a puxei para mais perto de mim encostando nossos rostos um no outro.
– Deus, obrigada por John Mayer ser tão talentoso... Essa música é dos deuses... – ela gargalhou.
– Ok, tenho que admitir! É inexplicável o que eu sinto quando eu ouço essa música. Isso faz sentido? – ela riu mais ainda.
– Não! – foi a minha vez de sorrir.

Me afastei dela por alguns segundos e segurando uma de suas mãos eu a rodei no ritmo da música. E eu nunca a vi sorrir tanto quanto estava fazendo agora. O movimento que o cabelo e o vestido fazia enquanto ela rodopiava, era magnífico. Nos aproximamos um do outro novamente e voltamos a dançar no meio da sala. E conforme cada letra John Mayer cantava, ela cantarolava junto bem baixinho, mas eu conseguia ouvir, já que sua boca estava próxima da minha orelha.

Era a mesma música que eu cantava quando ela não conseguia dormir. “Who do you love? Girl I see through, through your love... Who do you love? Me or the thought of me? Me or the thought of me?...” foi a minha vez de cantar, e a rodopiei de novo fazendo ela sorrir, fazendo ambos sorrirem. “I don’t trust myself with lovin’ you... I don’t trust myself with lovin’ you”, nós cantamos juntos e sorrimos.”

- FLASHBACK OFF -



Novamente a imagem dela foi se apagando aos poucos e finalmente pude abrir meus olhos. Faltavam poucos minutos para pousarmos no aeroporto. Logo ouvi “Senhores passageiros, por favor coloquem os cintos que iremos pousar em alguns instantes”. Senti turbulência e pousamos em terra firme. Graças à Deus.

Sai do avião o mais rápido que pude e peguei um táxi, levaria 40 minutos para chegar à Holloway. Por que ela tinha que trabalhar e morar longe de Londres? Não poderia morar comigo no centro? Já estava de madrugada, ela ainda deveria estar trabalhando.
Eu disse o destino que eu queria ir ao taxista e comecei a suar e ficar nervoso. Mandei uma mensagens para os meninos e para minha mãe dizendo que cheguei sã e salvo. A próxima tarefa ia ser difícil, conversar com .



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Nota da autora: Espero que tenham gostado desse capítulo. Meu computador chega amanhã, e se ele estiver funcionando direitinho vou terminar de postar a estória essa semana. Eu particularmente amo esse cap, é um dos meus favoritos, pois ele fala muito sobre mim e eu adoro a relação que tem com o Joe -por mais que ele não exista-. Enfim, vamos aos agradecimentos.

- Clarissa, fico feliz que tenha gostado do capítulo anterior. E espero que tenha gostado desse.
- Mariana, espero que tenha gostado. Desculpa a demora.
- Isadora... sem comentários.
- Gabi, gata... não temos mais coração forte! Posso ter um infarto a qualquer hora.
- Lah, aqui está o tão esperado capítulo. Desculpe a demora, tô com o tablet de uma amiga (Larise). Prepare o Diazepam ai porque daqui pra frente vão ter muitas emoções.

8 comentários:

  1. Uma palavra que define esse capítulo é perfeito. Não vejo a hora de ler o próximo .

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  2. Esse sempre foi um dos meus capítulos favoritos. Não sei se é por causa dos flashbacks ou pelo fato de ele me passar tanta emoção. Parabéns Aline, você arrasa garota ❤

    Gabi

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  3. Line amei,aceito as desculpas mas n demorra no próximo cap,
    bjsss

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  4. Aaah meu Deus esse capítulo foi tão adorável, entrei total no clima, John Mayer 💖 my heart e essa música 💖 , e pra completar as memórias deles dois , PAI MISERICORDIOSO ENVIA SENHOR AMIGOS COMO LIAM E JOE NA MINHA VIDA , PORQUE ALÉM DE GATOS E DESTRUIDORES SÃO FOFOS. Tô morrida sério é pra ter uma feat. Enterrada ainda li esse Cap. Escutando Gustavo Bertoni( Old Friend- é de morrer minha gente ).

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  5. Baby this is perfect this is perfect for we kkkkkk meu deus, por favor faz de tudo pra postar o outro Oq eu to chorando muito aq kkkkk preciso do outro cap pra viver kkkkk bjuuuzss;)

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  6. Estou mais q apaixonada por esse cap... Mds é tão perfeito, se nós morassemos perto iria levar meu computador p vc termina logo kkkkk necessito de mais caps kkkk bjoos

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  7. Que amorzinho essas lembranças, muito fofo esse cap. Tá tudo muito lindo parabéns Aline

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  8. Olha a fantasma aqui de novo :D
    Ando desaparecida, mas venho aqui todo dia pra ver se saiu algo novo, e aqui estamos. É um capitulo melhor que o outro... é simplesmente perfeito. Ta de parabéns, viu :)
    Ja quero ler o proximo capitulo :) beijos

    xxKaroline

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