Unfaithful - Capítulo dezoito

- Posso ajudar? – sorrio para dona Moretz, a mesma tira a atenção dos legumes que está a picotar e olhar para mim e nega com a cabeça. – Por favor, sabe que eu gosto de ajudar.

- Mas esse é meu trabalho.

- Sim, sei disso, mas será preciso eu ordenar para aceitar minha ajuda? – ela nega com a cabeça e sorrir enquanto me diz o que fazer. Sorrio também em satisfação enquanto começo ajuda-la.

- Fiquei feliz em ver que a senhora e o Srº Harry já estão bem.

- Sem o senhora, por favor, mas ainda não estamos realmente bem, mas estamos nos acertando aos poucos, eu acho. – eu e ele ainda não tivemos uma conversa para se acertar.

- Foi muita bondade da parte dele ter me dado a semana livre, passei mais tempo com meus netos. – eu sorrio com a menção de seus netos, eles são adoráveis, mas paro um pouco para pensar. Porque Harry a deu a semana livre? E como a casa se manteve limpa sem ela aqui?

- Ele te deu? Eu não sabia, mas a senhora merece.

- Sim ele deu, deduzi que ele estava a ir de encontro a senhora. Ele estava com malas feitas quando me deu a folga.

- Hm... Ele deve ter feito uma viagem de negócios. – estava totalmente confusa, mas só isso explica o fato de ele não ter ido a minha procura, mas isso não está certo. Ele disse que ficou aqui a espera que eu voltasse para ele e quando percebeu que eu não voltaria foi atrás de mim.

Não há motivos para a Srª Moratz mentir para mim, a casa está em perfeita ordem e é impossível Harry ter mantido ela assim, e como ela dissera, ele estava de malas prontas. Para onde ele foi? Como ele poderia estar aqui a minha espera se ‘viajou’?

Mais mentiras.

Harry me esconde algo.

Eu não suporto isso.

- O estado do braço de Harry é grave? Fiquei preocupada quando vi o acidente na TV, desculpa está me metendo em assuntos pessoais.

- Fique tranquila, ele está bem. Em breve estará totalmente recuperado.

- Rezarei por isso.

[...] 

A refeição de Harry estava na bandeja e com cuidado em carregava para o quarto, em paços de como se estivesse a pisar em ovos para que não derrubasse. Meus paços apressam um pouco após subir as escadas, mas quando chego a porta do quarto tenho dificuldades para abrir. Suspiro fundo e tento equilibrar a bandeja com apenas uma mãe para que poça abrir a porta, eu deveria ter aceitado a ajuda de Dona Moretz, mas fui teimosa como sempre.

Quando finalmente consigo entrar no quarto encontro Harry a olhar os canais da TV mais uma vez, eu sorrio para ele enquanto me aproximo e ponho a bandeja ao seu lado na cama.

- Assiste comigo? Encontrei algo descente para ver, que talvez te lembre algo. – eu olho em direção a tv e vejo que passa, com certeza um clássico, Uma Linda Mulher, estávamos em sua casa quando assistimos esse filme, eu que insistir para assistir mais uma vez.  Éramos jovens, e eu não me cansava de assistir esse filme, era meu favorito, ainda hoje é.  Mas aquela noite em sua casa tinha sido especial, ele me beijou pela primeira vez e eu me encontrei totalmente confusa após aquele dia.

- Você sempre reclamou de assistir comigo.

- Mas gosto de ver seu sorriso bobo enquanto assisti, apesar de ter assistido milhares de vezes, ele nunca muda.

- Confesse Harry que você gosta do filme.

- Um pouco.

Sorrio para ele que retribui da forma mais sincera, mas eu não quero assistir ao filme, quando vejo em que cena está instantaneamente me lembro de , e penso o quão ridículo foi eu ter a contratado. Gosto nem de pensar na possibilidade de ele se envolver com ela e ter se apaixonado por aquela mulher vulgar, afinal no filme o personagem de Richard fica com a prostituta.

  - Não quero assistir. – o sorriso some de seu rosto e ele me olha duvidoso enquanto pego o controle de suas mãos e desligo. – Tenho de cuidar de você. Vamos comer logo antes que esfrie.

- O que é isso? – ele faz careta ao olhar para a sopa.

- Recomendações médicas. Vai querer ajuda para comer?

-  Acho que sim. – ele faz uma careta enquanto mostra o braço engessado.

Aproximo-me um pouco mais dele e o ajudo a comer, dando de pouquinho em pouquinho em sua boca, ele resmungava reclamando e eu ria brevemente, enquanto sem querer melei um pouco seu rosto.

- Sinto-me uma criança.

- Isso é uma lição para dirigir devagar.

- Eu sei... – ele diz e em seguida lhe dou mais uma colherada.

- Conversou com Niall e está tudo certo?

- Sim, acho que ele aguenta segurar as coisas lá sem mim. O problema é Louis também não está lá, ele está com problemas familiares.
- Ah sim, o divorcio. - lembro-me vagamente sobre tal assunto, mas bem Louis é um amor de pessoa e por mais que eu saiba que ele ama a esposa, ela era um tanto insuportavel e sugava ele. Eu e Kylie nunca nos demos bem com ela. Sei que deve estar a ser díficil para ele, mas da mesma forma sei que ele merece alguém digno de seu amor.
-  Louis estar se divorciando me faz pensar se vai fazer o mesmo comigo.

- Se me der motivos.

- Realmente teria coragem? – ele questiona após comer mais um pouco.

- Não é porque eu te amo que posso aceitar tudo o que faz. Já deveria ter entendido isso Harry.

- Mas eu te amo Nanny.

- Se me ama nunca me vai dar motivos para um divórcio. – ele encolhe os ombros e sei que há motivos.

- Não quero comer mais.

- Mas...

- Não quero!

- Tudo bem, não coma. – levanto-me estressada e com sua refeição quase intocável, sabia que discutir com ele por isso não seria bom, e era tão fútil. Ele está a se comportar como uma criança. – Não acho que seja uma boa ideia ficar aqui.

- Não comece, você não vai sair dessa casa novamente.

- Harry está na hora de você enxergar que não manda em mim. – sem querer prologar a conversa, eu me retiro do quarto para que não fique aglomerado e se torne uma grande discussão.

P.O.V.

- Estava uma delícia. – sua mãe me elogia quando todos a mesa terminou suas refeições. E modesta parte, realmente estava bom.

- Obrigada. – agradeço um tanto constrangida com a situação, a mãe de Zayn é adorável, assim como suas irmãs mais novas, porém é um tanto constrangedor a situação, está a parecer que temos algo.

- Vocês são vizinhos há muito tempo? – ela pergunta enquanto tira os pratos e talhes da mesa, eu logo lhe vou ajudar, mesmo ela recusando eu insisto.

- Quando Zayn se mudou para cá eu já vivia aqui... Mas não passamos tanto tempo juntos, na maioria das vezes nos esbarramos pelos corredores.

- Claro, pensei que ele lhe perturbava para cozinhar para ele.

- Não. – digo e rio a imaginar isso, eu não me incomodaria. – Essa foi a primeira vez. Ele estava desesperando querendo fazer algo para as irmãs.

Sua mãe ia lavado os pratos e eu enxugando enquanto conversávamos. Zayn nesse tempo estava com as irmãs na sala a conversar e a rir muito sobre algo.

- Alguma probabilidade de acontecer algo com entre vocês os dois.

- Oh não... – ruborizo com o rumo da conversa. – Somos bons vizinhos amigos. Zayn é adorável, mas não acontece realmente nada.

- Sinceramente? Não sei quando aquele ali vai tomar jeito. Torço para que encontre uma garota como você.

- Como você?

- Sim, é adorável. Adorei lhe conhecer hoje.

Sorrio para ela agradecida enquanto finalizamos a lavagem, enxugo minhas mãos e vamos para a sala encontrando Zayn a rir com as irmãs.

- Zayn, já estou a ir. – são as palavras de sua mãe assim que chegamos a sala. – Suas irmãs passaram a noite aqui como o combinado.

- E a senhora? – ele arqueia uma sobrancelha.

- Irei para a casa de sua irmã, cuide bem de suas irmãs mais novas. Voltarei amanhã.

Logo sua mãe vai embora, dou-lhe um beijo na bochecha como despedida, para em seguida a ver partir me deixando ações com Zayn e suas irmãs mais novas. Eu ainda passo um tempo lá, estava a ser engraçado e suas irmãs são simplesmente adoráveis. Zayn a maior parte do tempo ficou nos observando, eu conversava com elas como se as conhecessem a muito tempo, e elas me contavam como seu irmão é, isso me fazia olhar para Zayn de instante em instante, elas amam tanto ele e falam tão bem dele e logo posso ver a união que há entre eles.

Sempre quis ter uma irmã ou irmã, mas sou filha única e o que tenho mais próximo de uma irmã é minha amizade com Emma que não trocaria por nada desse mundo. Sei que não é a mesma coisa que ter uma irmã de sangue, mas é quase a mesma coisa, somos unidas como tal.

As horas passaram que nem percebemos, apenas quando elas dizem estar com sono vimos que já era 1h da madrugada. E eu vou arrumar as camas para elas dormirem após se banharem, já que Zayn não o sabe fazer. Elas não demoram a adormecer, afinal estavam com sono, e após elas estarem em um sono profundo eu digo a Zayn que já vou.

- Não sei como lhe agradecer.

- Não foi nada demais, sempre que precisa, bem estarei ao lado.

- Elas adoraram você , desde minhas irmãs à minha mãe.

- Eu que as adorei, elas são incríveis, tem uma bela família. – suspiro, queria ter uma família assim. Minha mãe, bem, é dona de um clube de prostituição, posso assim dizer, cujo eu trabalho lá. Meu pai, não me lembro nem de suas feições.

Minha vida é estranha e solitária. Eu não tenho ninguém, a não ser Emma e minha mãe, por partes. Minha mãe nunca me apoia em nada, na maior parte sei que o faz pelo meu bem, mas queria ter sua compreensão e aceitação em relação as minhas escolhas.  Sou uma adulta e sei fazê-las, sei o que escolher de bom para mim. Ao menos acho que sei. Sou tão complicada.

- Algo de errado? – ouço a voz de Zayn mais próxima me despertando, eu suspiro e olho para ele, seus olhos estão em um castanho tão belo, nunca tinha notado o quão belo realmente são.

- Não, estava apenas pensando. – solto um suspiro enquanto ajeito meu cabelo.

- O convite para sua formatura ainda está de pé?

- Sim, te quero como meu acompanhante. – sorrio para ele.

- Bom... Bom... – sorrio em seu rosto é cativante enquanto ele parece estar longe em pensamento por alguns segundos.

- Nos vemos por ai Zayn, boa noite. – fico na ponta do pé e me inclino sobre ele para lhe dá um beijo na bochecha e assim que o faço me afasto.

Logo vou em direção ao meu apartamento o ouvindo me desejar boa noite, abro a porta e está tudo escuro, não faço a mínima ideia se Emma está aqui, vou direto a meu quarto e me jogo na cama. Pego meu celular e olho se tem alguma mensagem ou ligação de Harry, mas não há nada, ele deve estar em repouso. Queria muito vê-lo e saber como estar, mas não posso.

Por um momento me pego pensando na sensação que Harry me causa durante o sexo, e o quão injusto isso é com sua esposa. De forma alguma em iria perdoar um homem que fizesse isso comigo, isso que Harry faz com ela. E penso que eu deveria desistir, eu deveria rasgar o contrato e esquecer tudo isso enquanto não estou envolvida tão intensamente.

Mas não sou capaz disso, porque de uma forma masoquista, eu gosto de estar com Harry. Mesmo que ele não me de nada a não ser um sexo satisfatório. Bem, isso é o suficiente para mim.

Próximo

N/A: Isadora estou respondendo seu comentário aqui. Primeiramente, eu concordo com você.

Ainda tem muito o que acontecer nessa história, e talvez você até mude de ideia. Débora prefere que Harry fique com ‘null’, bem, eu não. Assim como você, eu acho injusto. Eu como escritora sei tudo o que vem a seguir, já mostrei alguns caps a Débora e ela não muda de opinião, para ela Harry tem de largar Hannah. Mas a história deles é de anos, e eles realmente se amam.

Entendo que tenha ficado chateado de mim de princípio, mas eu não queria ficar enrolado, se Harry quisesse sexo com ‘null’ ela daria sem se queixar, e pela personalidade dela não faria sentindo ficar ‘enrolado’ para que os leitores ficassem na expectativa de ‘ah transem logo’ isso tornaria um tanto clichê, porque aconteceria enquanto eles estivessem se apaixonando, certo? mas aqui não é uma história de amor, é uma história de traição e luxúria.

Pode ter certeza que ‘null’ mostrará seu lado mais humano ao decorrer da história, você pode até começar a gostar dela e querer ela com Harry por conta disso. Mas bem, eu sou team Hannah.

Obrigada por acompanhar e fico feliz que goste, agradeço pelo elogia e espero não decepcionar.